14 de jun. de 2009

Um lugar para se viver


Existe o pânico de não detectar dentro de nós um abrigo,uma quentura,um espaço aprazível onde caibam todos nossos fantasmas.



Um lugar para se viver


[...]Semana passada eu decretei que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço.Mas o abraço é um refúgio externo.O que fazer quando dentro de nós,esse lugar privativo, deixa de ser um bom lugar para se estar?
Como lidar com esse desapatriamento, para onde levar nossa mochila, nossa bagagem,nosso ''eu mesmo'' pra se instalar em outro corpo?
Nascer de novo não dá.
Ou até dá.Até dá.
De vez em quando é necessário se perguntar se dentro de nós é um bom lugar para se viver.
Depois de ler o livro da poeta carioca, eu tenho me perguntado.E a resposta, sem nenhum ranço pseudontelectual, sem nenhuma espécie de autoaversão, ou seja, da forma mais simplória, é que sim, eu sou um bom lugar para se viver.
Dentro de mim há pensamsentos demais, o que torna tudo meio caótico, mas tenho tentado dar uma arrumada nessas idéias e manter cada uma em sua gaveta.
Há também sentimentos variados,mas de forma alguma vou expulsá-los, deixo que circulem à vontade por esse meu corpo que lhe serve de ringue, já que eles às vezes brigam uns com os outros.
Dentro de mim é sempre verão e toca música o tempo inteiro,e mantenho uma satisfação secreta que precisa se mantar secreta para não passar por boba.Há crianças e adultos dentro de mim,todos da mesma idade.Aqui dentro existe uma praia e uma montanha coladas uma na outra,parece até Rio de Janeiro,só que os tiroteios são feitos com bala de festim.Dentro de mim estão muitas lágrimas que não foram choradas para fora e muitos sorrisos que ,de tão íntimos, também guardei.Dentro de mim são produzidas algumas cenas sofisticadas e também roteiros de filme B.Um universo movimentado e contraditório:como não gostar de viver aqui dentro?


E você, tem sido um bom hospedeiro de si mesmo?
Martha Medeiros

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